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ENTREVISTA

A Saúde e Segurança do Trabalho na construção da Arena MRV

08/06/2023

A casa do Clube Atlético Mineiro está praticamente pronta para receber até 46 mil torcedores. Localizada no bairro Califórnia, região Noroeste de Belo Horizonte, a Arena MRV é um projeto arquitetônico da Farkasvölgyi Arquitetura e a licitação da construção foi adquirida pela Racional Engenharia, com 128 mil m² de terreno, 112 camarotes, 42 bares e lanchonetes, cerca de 2.300 vagas de estacionamento e sete cozinhas. 

Pensada para ser a mais moderna da América Latina, a casa do Galo terá telões de última geração, fachada externa com LED, projetores de altíssima qualidade e um super aplicativo que tornará a experiência do torcedor muito mais dinâmica. Além disso, terão cabines de rádio, estúdios de TV, tribuna de imprensa, auditório de coletivas, vestiário de 406m² e sala de aquecimento 116m².

Com o investimento em uma estrutura que pode ser comparada a excelentes estádios internacionais, como fica a Saúde e Segurança do Trabalho em um empreendimento desse porte?

Para entender um pouco sobre os desafios de se manter a segurança dos operários e da comunidade durante a construção da arena, conversamos com a atleticana e CEO Claudia Fonseca Mariano, da Mariano Consultoria Ocupacional, especialista em gestão de segurança e saúde ocupacional.

A CEO explica que antes mesmo de começarem as obras há o planejamento e dimensionamento do número de funcionários que serão necessários para garantir a integridade física dos envolvidos, eliminar riscos e prevenir acidentes. A NR04 exige a constituição e manutenção de Serviços Especializados em Segurança e Medicina do Trabalho – SESMT. O SESMT é composto por técnicos e engenheiros de segurança do trabalho, auxiliares de enfermagem, médicos e enfermeiros do trabalho. 

Segundo Luiz Bruzza, gerente de obra na Racional Engenharia em entrevista ao Vai, Galo, é grande o foco em Saúde e Segurança, com palestras semanais, placas de sinalização, auditoria externa, ambulatório na obra, anamnese e checagem diária de todos os empregados, entre outras ações. São 5 técnicos e 1 engenheiro de segurança que desenvolvem trabalhos de prevenção de acidentes, seguimento de normas, fiscalização do uso adequado de EPIs, treinamentos, promoção de saúde, melhorias no ambiente de trabalho, dentre outras medidas, focados na dinâmica rotina da área, que entre outras funções, inclui:

  • Treinamentos – para que operários acessem os canteiros de obras, eles precisam receber treinamentos introdutórios e específicos, previstos por lei, conforme sua área de atuação e então serem devidamente testados, para garantir que estejam aptos a trabalhar.
  • Conscientização – diariamente, antes de começar o dia de trabalho, os trabalhadores são reunidos para relembrarem sobre responsabilidade compartilhada e a importância da prevenção, do uso correto dos EPI’s – Equipamentos de Proteção Individual, a fim de melhorar a forma de trabalho e preservar vidas.
  • Inspeção – verificação constante do trabalho diário, do uso correto dos EPI´s e controle das renovações dos treinamentos.

Segundo Cláudia, existe um grande desafio em lidar com tantos trabalhadores de empresas terceirizadas, desenvolver uma cultura de prevenção eficiente e manter a segurança, e para tudo isso funcionar bem, deve haver uma gestão compartilhada. 

Fazer o gerenciamento da área de SST exige muito planejamento para que o controle e monitoramento sejam eficientes. Quando extrapolamos para uma estrutura maior, essa gestão deve ser precisa, e cada vez mais a tecnologia tem sido o diferencial na qualidade dessa gestão.

Na construção da Arena MRV, a comunidade foi impactada e a área de SST também teve que se preocupar com a saúde e segurança daqueles que transitam na região”, conta Claudia Mariano.

A área de SST não é diretamente responsável pelos impactos na comunidade com uma construção civil, mas desempenha um papel importante na gestão dos aspectos relacionados à segurança e saúde dos trabalhadores envolvidos na construção. No entanto, as ações tomadas podem ter efeitos indiretos na comunidade próxima à obra, uma vez que estas também compõem as chamadas partes interessadas.

Os visitantes que acompanharam as obras só acessavam os canteiros com EPI’s apropriados e certificados, com finalidades específicas para cada área operacional, como uso de colete refletivo, capacete, óculos, botina, luvas, cinto de ancoragem, dependendo do local de acesso. Além disso, orientações gerais e de segurança foram passadas, com informações sobre EPI’s, trajeto seguro e risco ao qual estariam expostos. Na arena atleticana, embora não seja exigido por lei, eles aferiram a pressão e identificaram nos capacetes, por meio de um adesivo, que o funcionário ou visitante estava com a pressão normal, diminuindo as chances de acidentes.

Segundo artigo da Associação Nacional de Medicina do Trabalho, a construção civil é um dos setores com maior ocorrência de acidentes, inclusive com óbito e, para reduzir os riscos de acidentes de trabalho, existem regras dispostas na Norma Reguladora 18 (NR-18), que trata especificamente da saúde e segurança no setor.  O artigo ressalta a importância de lembrar que a prevenção de acidentes não se resume aos Equipamentos de Proteção Individual. As proteções coletivas e a organização do trabalho são as principais medidas de gerenciamento dos riscos ocupacionais, tornando os EPI’s uma proteção complementar.

Alguns exemplos de acidentes que podem ocorrer nesse setor incluem

Quedas de altura
As quedas de altura são uma das principais causas de acidentes na construção civil. Isso pode ocorrer quando os trabalhadores estão em andaimes, escadas, telhados ou estruturas elevadas sem as devidas proteções e equipamentos de segurança.

Soterramentos e desmoronamentos
Trabalhos em escavações, valas ou túneis podem estar sujeitos a soterramentos e desmoronamentos, especialmente se as medidas adequadas de suporte e contenção de solo não forem adotadas.

Acidentes com equipamentos
O uso de máquinas e equipamentos pesados na construção civil apresenta riscos significativos. Acidentes podem ocorrer devido a falhas mecânicas, operação inadequada, falta de manutenção ou colisões com outros trabalhadores.

Ferimentos por objetos cortantes e perfurantes
O manuseio de ferramentas e materiais de construção, como serras, pregos, vergalhões e vidros, pode resultar em ferimentos graves se as precauções necessárias não forem tomadas.

Choques elétricos
Trabalhos com instalações elétricas expõem os trabalhadores ao risco de choques elétricos. Fiação inadequada, equipamentos danificados ou falta de treinamento em segurança elétrica podem contribuir para esses acidentes.

Exposição a substâncias químicas perigosas
Alguns trabalhos na construção civil envolvem o manuseio de substâncias químicas perigosas, como solventes, adesivos, tintas e amianto. A exposição inadequada a essas substâncias pode causar problemas de saúde graves.

Por isso, é preciso aplicar O PGR – Programa de Gerenciamento de Riscos, com etapas, que incluem:

  1. Identificação dos riscos presentes no ambiente de trabalho;
  2. Avaliação dos riscos identificados;
  3. Implementação de medidas preventivas;
  4. Definição de ações corretivas em caso de ocorrência de acidentes;
  5. Manutenção do programa ao longo do tempo. 

Mas a dificuldade que muitas empresas enfrentam é a de fazer a gestão de uma área tão importante, que precisa lidar com vidas, legislação, produtividade, investimentos e prejuízos e muitas vezes com poucos profissionais. A legislação brasileira exige que toda empresa, a depender da relação do seu grau de risco e quantidade de funcionários, tenha serviços especializados em engenharia de segurança do trabalho e medicina ocupacional. No caso de uma construção civil como essa, classificada como grau de risco 4, conforme a NR4, deve-se manter um Técnico de Saúde e Segurança do Trabalho a cada 50 -100 funcionários, por exemplo.

As empresas mais atualizadas já entenderam a importância de rever o sistema de gestão da área de Saúde e Segurança do Trabalho e se beneficiaram com a agilização dos processos, redução de falhas, aumento da eficiência operacional e ganho de tempo e dinheiro. Como exemplo, a nossa plataforma digital – SICLOPE, desenvolvida para gerir especificamente processos de QSMA, produz resultados significativos de redução dos acidentes por perda de tempo, com média de 40% ao ano. A diferença está na metodologia eficiente, disponível, ativa e em tempo real.

Os sistemas de gestão tecnológicos são ótimas ferramentas para gerir a área de Saúde e Segurança do Trabalho, inclusive por apresentarem dashboards que facilitam a análise e divulgação dos resultados em tempo real, ideal para tomada de decisão.” Claudia Mariano

A Arena MRV é considerada um marco importante para o Clube Atlético Mineiro e para os fãs de futebol da região. Ela promete oferecer uma experiência melhorada aos torcedores, com instalações modernas e confortáveis, além de contribuir para o desenvolvimento e revitalização da área onde foi construída, sem esquecer daqueles que possibilitaram que tudo fosse erguido de forma segura.

Nossos Módulos

Instalado de forma modular, o SICLOPE atende as necessidades dos nossos clientes da forma mais otimizada possível. A solução garante informação disponível, conhecimento do problema, velocidade e assertividade para as tomadas de decisões e gestão dos riscos do negócio, com foco no fortalecimento da cultura preventiva e atendimento legal. O resultado é o aumento da qualidade da gestão do tempo, com a consequente melhoria da tomada de decisão.

Selecione o abaixo seus módulos de interesse para conhecer melhor cada um deles.

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